
Deu zebra: o
republicano Donald Trump venceu as eleições presidenciais dos Estados Unidos,
conttariando todas as pesquisas que indicavam a vitória da democrata Hillary
Clinton, ainda que por pequena margem. Ele será o 45º presidente dos Estados
Unidos.
Trump alcançou 276
delegados, ultrapassando o limite de 270 necessários para ser o vencedor no
Colégio Eleitoral. Hillary ligou para Trump e admitiu a derrota. "Eu a
cumprimentei pela campanha muito disputada", disse Trump em seguida.
Em discurso, Trump
defendeu a união do país após a disputa eleitoral. "Todos os americanos
terão a oportunidade de perceber seu potencial. Os homens e mulheres esquecidos
de nosso país não serão mais esquecidos", discursou. Trump disse ainda que
o plano do país deve ser refeito. "Vamos sonhar com coisas para nosso
país, coisas bonitas e de sucesso novamente."
Tudo novo
Para o mundo, a
vitória de Donald Trump anuncia um clima geopolítico profundamente novo. De
Berlim a Pequim, os líderes estão observando se o Trump dará continuidade às
promessas populistas e protecionistas que poderiam travar o compromisso global
dos Estados Unidos com políticas profundamente estabelecidas a respeito de
comércio, defesa e imigração. Se assim for, a política externa dos Estados
Unidos provavelmente se distanciará de seu vizinho México, e em direção à
inimiga de longa data Rússia.
O antagonismo de
Trump em relação aos arranjos de defesa dos EUA apresenta novos riscos para os
aliados de Washington na Ásia e na Europa. E sua posição contrária ao livre
comércio indica a possibilidade de uma guerra comercial com a China, a segunda
maior economia global.
"O tom das
relações econômicas entre a China e os Estados Unidos vai mudar da cooperação e
da interdependência para a competição e o conflito", disse Shi Yinhong,
professor de relações internacionais da Universidade Renmin, em Pequim. O
estilo de Trump e a retórica isolacionista também podem dar a Pequim
"oportunidades estratégicas para a China explorar", acrescentou
"Trump é uma
pessoa pragmática", disse Wang Dong, professor assistente da Escola de
Estudos Internacionais da Universidade de Pequim. "Muitas coisas podem ser
reavaliadas. Então, do ponto de vista da segurança nacional chinesa, isso é uma
coisa boa".
Temores
Muitos veem o
resultado do voto com apreensão. Na Alemanha, Norbert Röttgen, um legislador
influente junto aos democratas-cristãos da chanceler Angela Merkel, advertiu
que os EUA poderiam perder seu papel como o eixo da ordem mundial ocidental.
"Temos de esperar e ver como ele atuará no cargo", disse Röttgen.
"Eu acho que ele ainda não sabe como agir."
O presidente francês,
François Hollande, disse recentemente que uma vitória de Trump
"complicaria as relações entre a Europa e os EUA".
Na América Latina, o
México está se preparando para um presidente que prometeu eliminar acordos
comerciais, construir um muro e enviar para casa milhões de imigrantes sem
documentos. Cuba também enfrenta novas preocupações, com Trump prometendo
desfazer o histórico restabelecimento do presidente Barack Obama dos laços
entre Washington e Havana, o que despertou novas esperanças no país para o
investimento estrangeiro.
Nem todo mundo está
preocupado. Os políticos de direita em toda a Europa veem a vitória do Trump
como uma onda internacional de sentimento de confiança. Futuras vitórias
eleitorais da direita europeia, segundo eles, ajudariam a estabelecer uma nova
ordem transatlântica baseada na oposição aos acordos comerciais, na imigração e
na integração política da União Europeia.
A presidência de
Trump "permitirá que a diplomacia francesa se expresse num mundo mais
equilibrado, menos dominado pela hegemonia americana", disse Florian
Philippot, uma das principais figuras da Frente Nacional, principal partido de
direita da França.
Conservadores se
animam
O político holandês
anti-islã Geert Wilders escreveu em sua página oficial no Twitter após Trump
ganhar a disputa na Flórida e em Utah: "As pessoas estão retomando seu
país. Como nós iremos".
Os partidários
britânicos de uma ruptura dura com a União Europeia se sentiram confortáveis
com a recepção de Trump à causa. Obama deixou claro, antes do voto do Brexit em
junho, que o Reino Unido iria para "trás na fila" de um novo acordo
comercial com os EUA. Trump disse que um acordo com o Reino Unido seria uma das
suas principais prioridades.
Durante meses, os
diplomatas da sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em
Bruxelas têm observado nervosamente Trump. Jens Stoltenberg, secretário-geral
da Otan, repeliu por três vezes os comentários críticos de Trump sobre a
aliança.
No Oriente Médio,
Trump é visto como um defensor do poder militar da América, apesar de seus
votos de desvincular-se da região. Seu desejo de derrotar o Estado Islâmico,
trabalhando com aliados regionais, tem despertado entre os combates na Síria
esperanças de serem armados. Mas como candidato ele também prometeu melhores
relações com a Rússia, que está fortemente empenhada em combater a oposição
síria. Autoridades da região se preocupam com qualquer desengajamento dos EUA,
que poderá se traduzir em ganhos para a Rússia em lugares como Síria e Turquia.
Diário do poder
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