O
juiz eleitoral substituto da 30ª Zona Eleitoral da Paraíba, que fica em
Teixeira, no Sertão, Gustavo Camacho Meira, proibiu através de liminar o uso de
camisas vermelhas e pretas com a inscrição 'Nego', similar à bandeira do
estado. O magistrado entendeu que as vestimentas serviam de propaganda para o
prefeito do município, Edmilson Alves dos Reis (PMDB), conhecido por 'Nego de
Guri'.
De
acordo com o historiador e professor de história Gilbert Patsayev, o “Nego” da
bandeira paraibana é a conjugação do verbo “negar”, e remete à não aceitação
por parte do político João Pessoa, então presidente da Paraíba, a apoiar
politicamente a campanha de Júlio Prestes à presidência do Brasil nas eleições
de 1930.
“João
Pessoa era candidato à vice-presidência na chapa de Getúlio Vargas e, antes da
eleição, em 1929, ele foi convidado a deixar a chapa e apoiar o candidato da
situação. Por meio de um comunicado, o político negou oficialmente o apoio e o
nome na bandeira vem justamente desta negação”, explica.
A
Justiça foi acionada pelo presidente do diretório municipal do PDT em Teixeira,
Renato Marques de Amorim, que posição à atual administração. Segundo a
representação, as camisas estavam sendo usadas para fazer propaganda do
prefeito fora do período regulamentar de campanha eleitoral. A liminar foi
expedida no dia 29 de junho.
"Eu
entendi que as camisas eram uma propaganda subliminar da campanha do atual
prefeito, chamado de 'Nego'. O partido de oposição entrou com uma representação
e eu acabei expedindo a liminar, já que a legislação eleitoral é bem clara e
proíbe [uso de] camisas", disse o juiz Gustavo Camanho Meira.
Na
decisão, o magistrado proíbe atos políticos em locais públicos com pessoas
vestindo camisas vermelhas e pretas com a expressão 'Nego', além da proibição
de distribuição dessas camisas. Carreatas com carros de som também estão
incluídas entre as proibições.
Ainda
de acordo com o juiz eleitoral, foi denunciado que servidores municipais
estavam trabalhando em repartições públicas com as camisas. "Não tivemos
registro de confusões nos órgãos públicos, mas decidimos proibir o uso também
nestes locais", afirmou Gustavo Camacho Meira.
Bandeira
homenageia João Pessoa
A
atual bandeira da Paraíba foi implantada no dia 25 de setembro de 1930, alguns
meses depois da morte de João Pessoa, que foi assassinado por um rival político
em Recife. A morte causou uma grande comoção popular e é considerado o estopim
da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder.
Segundo
o historiador, a família de João Pessoa tinha uma influência política muito
forte e teria utilizado esta influência para, com o pretexto de homenagear o
político, modificar o nome da capital paraibana, então chamada de Parahyba, e
implantar uma nova bandeira no estado, que estava sem o símbolo desde 1922.
“O
preto usado na bandeira significa o luto do povo paraibano pela morte de João
Pessoa e o vermelho representa o sangue derramado, além de ser a cor da Aliança
Liberal, da qual ele fazia parte. Além disso tem o 'Nego', relembrando a
negação política por parte de João Pessoa que mostrava que a Paraíba era
'pequena, porém forte' nas decisões políticas”, disse Patsayev. A bandeira
rubro-negra foi oficializada como a 'Bandeira do Nego' em 26 de julho de 1965,
pelo governador da Paraíba na época, Pedro Moreno Gondim.
Do G1/PB
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