Vera Rosa - O Estado de S. Paulo
Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, 29, em Brasília que a ex-ministra
Marina Silva é "sombra" do governador de Pernambuco, Eduardo Campos
(PSB), assim como o ex-governador José Serra é a "sombra" do senador
Aécio Neves (PSDB) na disputa pelo Palácio do Planalto, em 2014. "Eu já
fui essa sombra (da presidente Dilma Rousseff), mas não sou mais. E, se
encherem muito o meu saco, vou voltar em 2018", disse o petista em encontro
com aliados.
Lula participou ontem de uma série de
eventos no Congresso sobre os 25 anos da Constituição. Em encontro fechado com
senadores da base da presidente Dilma Rousseff, avaliou que Campos pode ter
problemas por causa da aliança feita com Marina. "O Eduardo não sabe o
tamanho da encrenca em que se meteu", disse aos líderes do PTB e do PR no
Senado durante um almoço, no qual apareceu acompanhado pelo ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, provável candidato do PT ao governo de São Paulo.
Marina foi ministra do Meio Ambiente
pelo PT no primeiro mandato de Lula. Candidata derrotada pelo PV em 2010,
tentou criar a Rede a fim de se candidatar ao Planalto no ano que vem. Sem
sucesso, filiou-se na última hora ao PSB de Campos e poderá ser candidata a
vice na sua chapa.
Antes do almoço, nos discursos no
Congresso, o ex-presidente atacou a imprensa e defendeu a reforma política. No
plenário do Senado, onde recebeu a medalha Ulysses Guimarães, criticou os que
desqualificam a política e seus atores. "Se a juventude lesse a biografia
do Getúlio (Vargas) e do Juscelino (Kubitschek) possivelmente não iria
desprezar a política, e muito menos a imprensa iria avacalhar a política como
avacalha", afirmou.
Ao receber homenagem na Câmara dos
Deputados, usou o mesmo tom e ouviu gritos de "olê, olê,olê, olá, Lula,
Lula", tradicional refrão de suas campanhas. "Nada contribui tanto
para desmoralizar a política do que ver partidos atuando como reles balcões de
negócios, alugando prerrogativas, como o tempo de propaganda e o acesso a
fundos públicos", disse.
Filé. Ao mencionar os protestos de junho,
Lula afirmou que a população está exigindo mais dos governos porque já alcançou
um melhor nível de vida. "O povo foi para a rua para dizer que precisa de
mais coisas, porque ele aprendeu a comer contrafilé e não quer voltar a comer
acém. Ele quer comer agora filé de verdade", disse.
Sem citar o escândalo do mensalão, que
atingiu seu governo e dizimou a cúpula do PT, Lula disse que, "como toda
instituição formada por seres humanos", o Congresso comete erros.
"Muitas vezes são erros graves que nem sempre são corrigidos ou punidos de
maneira exemplar. Mas, se há fragilidade na representação, o remédio está no
fortalecimento da política."
Estadão/Política.
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