
Do Site Diário do poder
O vice-presidente da
República e presidente do PMDB, Michel Temer, conversou nesta quinta-feira, 10,
no fim da tarde, por telefone, com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves
(MG), para reforçar com ele a estratégia de reaproximação dos dois partidos.
Segundo relatos, o tucano considerou que o mandato da presidente Dilma Rousseff
já se exauriu e que Temer poderá ser uma alternativa de poder.
Nesta quinta, em
conversas com integrantes do partido no dia seguinte ao jantar que selou a
reaproximação entre PMDB e o PSDB, o vice-presidente foi orientado a manter o
discurso de unidade da legenda. A estratégia é transmitir a imagem de que Temer
consegue unir o partido e, dessa forma, ser um polo de atração para a
negociação de uma futura coalizão de governo com outros partidos, caso Dilma
sofra o impeachment.
Nesse sentido,
interlocutores de Temer já saíram ontem em busca de outros partidos da base de
Dilma, como PP e PR. O jantar, na noite de anteontem, casa do senador Tasso
Jereissati (PSDB-CE), contou com a presença da cúpula do PMDB no Senado:
Eunício Oliveira (CE), Renan e Romero Jucá (RR). Além de Aécio, também
compareceram os tucanos Cássio Cunha Lima (PB), José Serra (SP), Antonio
Anastasia (MG), Aloysio Nunes (SP) e o recém filiado Ricardo Ferraço (ES).
Abril
A cúpula do PMDB já
calcula que até o final de abril Dilma terá o seu destino selado. Neste
calendário, consta o julgamento do Supremo Tribunal Federal marcado para a
próxima quarta-feira, no qual os ministros devem analisar os recursos contra
decisão da Corte sobre o rito do impeachment no Congresso Nacional e a
consequente deflagração do processo na Câmara.
A avaliação corrente
é a de que no dia seguinte à decisão do STF, o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), dará continuidade ao processo iniciado na Casa. Após passar
pela Câmara, o procedimento deverá ser aprovado por maioria simples dos
senadores, o que geraria afastamento imediato do cargo por 180 dias.
Nesta quinta, após
uma reunião com Renan no gabinete do presidente da Câmara, Aécio defendeu
"o papel estratégico" do PMDB na condução do processo do impeachment.
Segundo o presidente
do PSDB, a conversa teve a dimensão adequada para os dois partidos, que buscam
uma solução para a crise política. "Talvez tenha sido o início de uma
conversa que nós pretendemos continuar", afirmou. O senador, entretanto,
não poupou o PMDB da pressão de deixar o governo e afirmou que o partido terá
responsabilidade com os rumos do País.
"O que percebo é
que o próprio PMDB sabe que o Brasil vive em ebulição e eles terão contas para
prestar com a própria história", afirmou. Ainda de acordo com Aécio,
"setores importantes" do PMDB já sinalizam saída do governo. "Vejo
setores importantes do PMDB já compreendendo que, mesmo com a solidariedade
pessoal que possam ter à presidente, com ela não tem solução."
Apesar das
declarações de Aécio, Renan adotou discurso mais ameno. Ele afirmou que vai
continuar conversando com diferentes partidos e que o PMDB deve ter cuidado com
qualquer sinalização sobre o posicionamento do partido. "O PMDB deve fazer
sua convenção com muita responsabilidade porque qualquer sinalização que houver
com relação ao posicionamento do PMDB pode diminuir ou aumentar a crise",
disse. Segundo ele, o partido é o "pilar da governabilidade".
O governo notou a
reaproximação do PMDB com o PSDB e Dilma fez apelos a Renan e Eunício para que
os dois atuem para garantir que a sigla se mantenha na base aliada na convenção
da legenda marcada para amanhã. (Erich Decat, com Carla Araújo, Daniel
Carvalho, Igor Gadelha, Julia Lindner e Ricardo Brito/AE)
Diário do Poder
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