A
CORRUPÇÃO ESTÁ NA MIRA DO POVO.
Este título é de um artigo de um
dos maiores escritores de páginas de política no estado da Paraíba, o escritor
Gilvan Freire, que destaca o mau desempenho dos governantes mediante o desgosto
da sociedade com as formas prepotentes e avassaladoras de governar o mandato
que é do povo.
Este artigo traz a visão de que
o povo está acordando sobre o tema corrupção, e cada vez mais, cobrando dos
poderes, o que vem fazendo com que eles ajam, mesmo contra suas vontades.
VAMOS AO ARTIGO:
Enquanto aumentam a ousadia e o cinismo dos políticos e administradores
públicos com relação ao desvio de recursos e bens pertencentes às entidades
estatais, na mesma proporção ou em escala ainda maior (se é que isso é
possível) cresce a indignação popular contra essa onda de improbidade, que
associada a outras formas de criminalidade, corroi o que restou da decência que
o povo, especialmente os pobres, construíram como patrimônio de família ao
longo de séculos no país.
Claro que esse é um problema ou fenômeno diretamente decorrente das
características intrínsecas do Brasil, uma nação que há tempos tenta conciliar
o crescimento econômico com as baixas taxas de desempenho educacional e a
própria qualidade do ensino.
Mas o que assusta é que, enquanto os crimes contra a vida e contra o
patrimônio privado chegam a números inimagináveis por conta da capital
influência de drogas como o crack, na delinquência pública os crimes são praticados
por pessoas que agem sob efeito apenas do despudor e da falta de vergonha,
fraquezas humanas estimuladas pela cobiça e pela garantia de que há uma rede de
leniência e cumplicidade de parte das instituições encarregadas de barrar e
punir as compulsões delituosas. E aqui, mais grave ainda, os criminosos têm
inclusão social, não são os excluídos.
O que é certo é que essa conivência e
cumplicidade entre as instituições frouxas na aplicação do dinheiro público e
as outras organizações encarregadas dos controles oficiais são de algum modo
preconcebido e intencional, porque isso permite que a compulsão criminosa
contra o Erário invada a intimidade de todos os organismos estatuais e favoreça
até os ladrões de toga, como bem gritou escandalizada e ofendida a Ministra
Eliana Calmon, arranhando a sua própria e a garganta de milhões de brasileiros
que estão gritando ao lado dela.
AS RUAS ESTÃO CONVOCANDO O POVO SAQUEADO
A Lei Ficha Limpa, que é um monstrengo jurídico aprovado por um
Congresso moralmente encurralado e validado por um Supremo Tribunal vacilante,
com medo de o povo irar-se contra suas mordomias e sujeição ao tráfego de
influência de advogados filhos e parentes de ministros, baseados em grandes
escritórios brasileiros e multinacionais (quando não da advocacia pecaminosa de
ex-ministros), pelo menos educou a sociedade para conhecer de sua capacidade de
interferir no processo legislativo e criar uma cultura de vigilância e combate
à criminalidade dos granfinos e sedizentes homens públicos. Muitos são mais
ladrões notáveis que notáveis homens públicos. O STF que só presta contas a
Deus, sem obediência a prazos, está emprestando validade a uma lei
absolutamente inconstitucional, arvorando-se de ser um Poder Constituinte não
constituído.
Assim como a iniciativa popular de leis de controle da moralidade
política, com todas as suas imperfeições trágicas, serve para ensinar o povo a
zelar pela sua representação política, as ruas também servem para a população
brandir contra esses malfeitores que jogam para os altos maços de dinheiro
público com a certeza de que somente as notas que caírem é que serão
consideradas suas. No caso dos detentores de mandatos eletivos, parece até que
eles estão convencidos que foram eleitos e estão autorizados por contingentes
eleitorais que se expressam apenas através de maiorias formadas por eleitores
desonestos.
As manifestações populares ocorridas pelo país afora nesse 15 de
novembro, podem não ter sido volumosas como seria de se esperar. Falta um líder
brasileiro com carisma e insuspeita autoridade moral para falar e ensinar o
povo a se locomover. Talvez a falta dele em qualquer lugar do Brasil, tenha
levado a sociedade a descansar ou brincar no dia da Proclamação da República,
enquanto espera ansiosa que ele apareça.
Mas as ruas já começam a ser visitadas. É um extraordinário avanço e bom
começo. É como se Eliana Calmon tivesse mandado sua fotografia para vários
lugares do país infectado pelo vírus da indecência pública e privada. Por
enquanto, é ela quem mais lidera.
Homens de boa vontade, ouvi-la!
Do
PolemicaPB
Por
Gilvan Freire.
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